segunda-feira, julho 31, 2006

Rescaldo da Campanha de Adopção e Recolha de Donativos da AAAAMoita

Continua a luta pela sobrevivência
Segunda-Feira, 31 de Julho de 2006
Vasco Lopes


Um pouco por todo o País, várias associações tentam lutar contra o flagelo dos animais abandonados, dedicando-se à recolha de cães e gatos. Contudo, a verdade é que, mais cedo ou mais tarde, muitas destas instituições acabam por enfrentar alguns problemas de cariz financeiro para poderem manter as portas abertas. Uma destas instituições é justamente a Associação dos Amigos dos Animais Abandonados da Moita (que, apesar do nome, não está instalada na sede do concelho, mas sim na freguesia de Alhos Vedros), que combate diariamente para continuar a dar abrigo e alimento a quase 300 cães e pouco mais de 100 gatos.

DOIS DIAS DE CAMPANHA
Para tentar manter as portas abertas, a associação levou a cabo, neste fim-de-semana, no supermercado Modelo da Moita, uma campanha de recolha de donativos. Assim, quem quisesse, poderia contribuir com ração seca para canídeos e felinos, arroz e massas, areia para gatos (essencial para a higiene dos felinos), comedouros, coleiras, trelas, transportadoras, casotas, medicamentos externos e internos ou até mesmo donativos em dinheiro (que serão canalizados para a construção do novo canil). Quem desejasse contribuir de outra forma, poderia igualmente comprar alguns colares feitos por voluntárias da associação ou, em alternativa, adoptar um dos sete gatos ou cinco cães que foram levados para o local. Apesar de muita gente se encontrar de férias, a verdade é que, em termos de donativos, as contribuições foram bastante razoáveis, permitindo à associação “ficar com alimentos armazenados para cerca de uma semana, pelo que se pode considerar que foi uma campanha razoável”, disse ao NM Helena Barroso, uma das voluntárias.
Note-se que, apesar de os donativos em alimentos parecerem bastante avultados (em especial, ao nível de sacos de 10 quilos de ração para cães), é preciso ter em linha de conta que os 400 animais recolhidos pela associação consomem qualquer coisa como 120 quilos de alimento por dia.

A SORTE DO número 13 E DOS GATOS PRETOS
No sábado, foram levados para o Modelo 12 animais para adopção (cinco cães e sete gatos), sendo que, por volta do meio-dia, uma gatinha tigrada havia já encontrado uma nova dona. Mas, um pouco depois, veio o primeiro revés: Um casal chegou ao espaço da associação e depositou uma cadela caniche, de apenas sete meses, de seu nome “Madona”. Contudo, apesar de se tratar do 13. animal para adopção, a sorte acabou por bater à porta de “Madona”, que, umas horas depois de ter sido abandonada, já tinha novos donos. Os restantes 11 animais que estiveram para adopção do sábado, não tiveram a mesma sorte. “Nicole”, por exemplo, é uma cadela rafeira extremamente meiga e afectuosa, que, infelizmente, está há alguns meses há espera de novos donos, ao ponto de ser considerada “azarada”. No sábado, após ter estado três meses numa família de acolhimento temporário, “Nicole” teve que regressar ao canil da associação, já que a sua “dona temporária” não tinha possibilidades de a manter por mais tempo. A despedida entre ambas foi selada com um abraço e muitas lágrimas por parte da voluntária da associação que a acolheu, mas há quem acredite que “Nicole” está destinada a encontrar os melhores donos do Mundo. Esperemos que assim seja…
Já no domingo, um dos gatos pretos que estava para adopção encontrou um novo dono, que não se importa do facto de estes animais estarem conotados com o azar. Também uma pequena cadelita, com um mês de idade, já vive em casa dos seus novos “pais”.

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Uma bonita história de solidariedade
Há mais de dois anos que a Associação dos Amigos dos Animais Abandonados da Moita enfrenta um processo de despejo, que, a concretizar-se, poderá mesmo levar a que os 400 animais que alberga sejam, pura e simplesmente, abatidos. Enquanto luta contra este processo, a associação, com os seus parcos meios, vai comprando materiais e pagando as obras de construção de um novo canil, situado num terreno a poucos metros do actual.Contudo, para além de muito material e geradores terem sido roubados, também vários pedreiros menos escrupulosos receberam o pagamento sem ter feito as obras. E isto explica porque é que, neste momento, a construção do canil está ainda muito longe da sua conclusão, como, de resto, o NM teve a oportunidade de constatar.
Porém, no meio de tudo isto, há sempre um espírito de solidariedade que prevalece. Uma das voluntárias começou a contactar vários motoclubes da Península de Setúbal e, aos poucos, surgiram alguns sinais positivos. Após alguns contactos, alguns motoclubes começaram a dar o seu contributo - “por exemplo, um clube da zona do Poceirão trouxe-nos cerca de 30 ginásios de gatos, que irão para o nosso futuro canil”, explicou-nos Helena Barroso.
Um dos maiores contributos foi mesmo o do Motoclube do Montijo, que, várias vezes, organizou “almoçaradas” no local do futuro canil. Entre uma cerveja e umas entremeadas, os motards deram uma preciosa ajuda e a nova estrutura começou a nascer. De imediato, outros clubes da zona começaram a fazer o mesmo, lançando no ar que o futuro canil pode ser uma realidade e os 400 animais da associação poderem ser salvos.

in Notícias da Manhã, 31/7/06

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